segunda-feira, 30 de abril de 2012

Extra-sístoles em pormenor

Extra-sístoles

As extra-sístoles são falhas de um batimento cardíaco, também chamadas palpitações, ritmos galopantes, etc. São sensações subjectivamente descritas como um tanto desagradáveis. Há pessoas que sentem a extra-sístole como a falha de um batimento, em que o ritmo cardíaco abranda; outras sentem-na como um aumento do ritmo cardíaco; e outras ainda sentem-na como um ritmo cardíaco irregular. Algumas pessoas sentem a extra-sístole como uma alternância entre o abrandamento, a aceleração ou a irregularidade do ritmo cardíaco.

Quando um doente consulta o médico por causa destes sintomas, em geral, nós auscultamo-lo e prescrevemos um ECG (electrocardiograma). Por vezes, verifica-se que a falha de um batimento foi apenas passageira e não aparece no ECG. Daí a importância do ECG de 24 horas na detecção de ritmos cardíacos irregulares e na identificação das suas causas. Em muitos casos, o ECG diagnostica directamente a disfunção rítmica causadora da extra-sístole. Muitos são os casos em que o problema envolve extra-batimentos com origem nas aurículas ou nos ventrículos. O intervalo entre um extra-batimento deste tipo e um ritmo normal pode ser mais curto ou mais longo do que o habitual. Por vezes, um extra-batimento sente-se com particular intensidade. Além destes extra-batimentos, podem sentir-se outras arritmias cardíacas subjectivamente definidas como falha de um batimento ou ritmo galopante. Podem ainda assumir a forma de breves períodos de fibrilhação auricular com um ritmo cardíaco mais rápido ou mais lento, ou fases curtas de batimentos muito mais rápidos e batimentos regulares (taquicardia sinusal). São também comuns as extra-sístoles dicróticas e os breves períodos de vários extra-batimentos.

As extra-sístoles têm muitas causas. Em muitas pessoas (saudáveis ou com doença cardíaca), o coração pode falhar um batimento em casos de forte comoção (alegria ou preocupação). Em pessoas com doenças cardíacas, pode haver outras causas, por exemplo, doença coronária, doença do miocárdio ou defeitos valvulares. Há ainda drogas, cujo efeito lateral pode ocasionalmente produzir ou intensificar extra-sístoles. Em algumas pessoas, as extra-sístoles são induzidas pela cafeína, a nicotina ou o álcool.


Em muitos doentes, a fibrilhação ocasional ou persistente pode ser a causa da sensação de falha de um batimento. Neste tipo de arritmia, as aurículas fibrilham, isto é, não contraem como deviam, e a condução de impulsos da aurícula para o ventrículo torna-se completamente irregular.

A irregularidade do ritmo cardíaco também pode dever-se a estados não relacionados com o coração. As disfunções da tiróide ou as deficiências minerais (principalmente a falta de potássio) são, muitas vezes, as causas.

É importante diagnosticar o ritmo cardíaco irregular, para permitir a identificação exacta da causa subjacente. Como já foi explicado, a noção subjectiva de ritmo cardíaco irregular pode ocultar, em termos objectivos, várias formas de arritmia. Estes diferentes defeitos do ritmo cardíaco requerem tratamentos igualmente diferenciados. Os ECG normais e de 24 horas são da maior importância para fins de diagnóstico. Podem ser necessários exames mais aprofundados, como o ECG de esforço, ou ecocardiografia e, por vezes até, o cateterismo cardíaco e medições electrofisiológicas (exames cardíacos com cateter, em que o cateter é utilizado para medir a corrente ou fornecer impulsos eléctricos em vários pontos dentro do coração).

Como já foi dito, o tipo e a gravidade da arritmia cardíaca subjacente desempenham um papel crucial na decisão sobre o tratamento a dar para um ritmo cardíaco irregular. Em muitas pessoas, a sensação subjectiva de extra-sístole é causada por extra-batimentos individuais, sem haver sinais de doença orgânica. Neste caso, felizmente, pode não ser necessário qualquer tratamento. No entanto, quando estes extra-batimentos provocam uma sensação de grande desconforto e exercem um efeito adverso subjectivo no doente, deve ser tentada alguma medicação - sobretudo bloqueadores beta. Trata-se de uma abordagem sintomática, que serve para melhorar a qualidade de vida sem, necessariamente, a prolongar. Se a causa de um ritmo cardíaco irregular for um estado cardíaco ou qualquer outra disfunção orgânica, este estado tem de ser tratado primeiro. Em muitos casos, a arritmia pára por si mesma.


Algumas arritmias cardíacas que dão origem a uma sensação de ritmo cardíaco irregular têm um efeito adverso no prognóstico vital, sem darem uma sensação de grande desconforto ou não ser encontrada nenhuma doença subjacente significativa. Uma é a fibrilhação auricular, como já foi mencionado, e a outra é a ocorrência paroxística d uma ou muitas extra-sístoles ventriculares sucessivas. Os problemas específicos associados a esta arritmia cardíaca e as suas formas de tratamento serão discutidos na próxima edição de "Heart Valve".


Sintomas de ritmo cardíaco irregular, por ordem de frequência:

Palpitações,
Falta de fôlego,
Suores,
Dores no peito, sensação de opressão,
Fadiga,
Náusea, dor de cabeça,
Ansiedade,
Tonturas,
Aumento do número de micções,
Ausência de sintomas






Dr. med. Klaus Undeutsch, Rehabilitation clinic for heart diseases, 57319 Bad Berleburg/Germany (2003)

3 comentários:

  1. ola tarde,

    Há cerca de um ano atrás comecei a sentir umas dores estranhas no peito. Aliado às dores, comecei a ter taquicardias constantes, insónias de noite, acordava com tremores, com o coração "aos saltos". Alarmado, visitei um médico que me prescreveu de imediato uma série de exames. Electrocardiogramas, ecocardiogramas, holter, tac aos pulmões, análises, etc.

    Numa primeira análise, antes dos exames, o médico apontou logo para uma situação de ansiedade extrema e stress, derivado ao facto de andar a "matutar" por, na altura, estar desempregado há um longo período de tempo.

    Do resultado dos exames: apenas uma insuficiência mitral ligeira, sem expressão, tanto no entender do cardiologista como no entender do médico que me seguiu. Do holter 24h, verificaram-se 5 extrasistoles supraventriculares durante todo o período do exame.

    Fui então medicado e verificaram-se melhorias substanciais. Recomecei a dormir noites inteiras e as dores desapareceram.

    No entanto, as extrasistoles mantiveram-se. De tempos a tempos, e por períodos muito curtos (aprox. 5 minutos) tenho uma sensação horrível de que a batida cardíaca falha num batimento. É assustador e deixa-me bastante apreensivo, ao ponto de quase não conseguir fazer mais nada a pensar naquilo. Mas depois tento respirar fundo e acaba por passar.

    Alguém sentiu ou sente algo do género? Dado que as extrasistoles só se revelaram agora (não me lembro nunca de ter sentido tal coisa) terão vindo para ficar? O médico confessou que são situações que não requerem atenção especial e que, apesar de tudo, não sou um doente cardíaco nem tenho com que me preocupar mas mantenho a preocupação...

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  2. Olá Boa Noite.

    Eu também passei pelo mesmo até me ser detectada uma insuficiencia mitral congénita.
    Sou acompanhada por um cardiologista anualmente e embora medicada, também refere não ser nada de grave.

    Antes de me "habituar" a alguns sintomas também ficava preocupada mas agora limito-me a anotar o que considero anormal e depois recorro ao médico, que acaba por me descansar e informar que está tudo bem.
    Acabo por perceber que o stress do dia a dia é o meu maior inimigo e habituei-me a fazer o mesmo que o Japazul. Paro para pensar e me acalmar e tudo volta ao normal...

    Não posso esquecer-me de tomar a medicação que aí sim, volto a acordar durante a noite com fortes arritmias ou com a sensação de que a respiração foi "interrompida".

    Julgo que não deve menosprezar o que sente e falar do que sente ao seu cardiologista. Está a ter a atitude correcta...

    Sabe que eu antes de uma intervenção cirurgica ou de uma simples ida ao dentista, tenho que tomar antibiotico, uma hora antes da mesma?
    Se não tivesse relevancia não teria que ter cuidados... ;)

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  3. Olá Amigos,

    Também passo diariamente pelas mesmas experiências que vocês, a causa das minhas "batidas extras" é resultante do prolapso mitral que tenho associado á minha ansiedade generalizada. Pelo que vejo a nossa situação é semelhante, acabamos todos por sofrer um pouco, mas sem grandes motivos para isso. Apesar da sensação aterradora, penso que é inofensiva.

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